Viajando o mundo ensinando sobre o Reino de Deus em grandes conferências cristãs de liderança, eu notei algo que me preocupa muito.

Devido ao fato de que muitos pastores na América Latina, Europa e América do Norte vieram de um passado Católico Romano (ou de uma cidade com um forte paradigma religioso Católico), a aplicação da mensagem do reino em suas igrejas locais reflete essa influência.

Por exemplo, a Igreja Católica Romana em teoria acredita fortemente que a própria igreja (Católica) é a manifestação física do Reino de Deus na terra! Por isso o papa é chamado de O Vigário de Cristo ou Príncipe do Reino na terra, representando Deus como líder da igreja aqui na terra. Portanto, o Vaticano é visto como uma nação com inúmeras riquezas e sua hierarquia acumulou enormes fortunas (eles tem seu banco próprio, o Banco do Vaticano), influência política (possuem seus próprios embaixadores em vários países), assim como suas próprias instituições de educação, arte, música, além do direito canônico (doutrina da igreja, conselhos e procedimentos legais concernentes à aplicação das leis da igreja na própria igreja e na cultura secular). Resumindo, a Igreja Romana tem seu próprio império e uma enorme subcultura através da qual se relaciona com nações e instituições seculares. Desta maneira, a aplicação Católica Romana do Reino de Deus é extremamente “igrejocêntrica”, o que leva seus adeptos (em cada paróquia ou diocese) a dependerem da igreja local para exercer influência religiosa na sociedade ao invés de enviar membros não pertencentes ao clero ao mercado para influenciar a cultura!

Consequentemente, este se tornou o modelo inconsciente para muitos pastores evangélicos em culturas de paradigma Romano Católico, o que acaba resultando em pastores de megaigrejas agindo como papas de suas grandes congregações e construindo seus próprios mini-impérios! Sua interpretação (Romana) do reino fortalece um estilo de liderança vertical (como o do papa) que envolve não tomar decisões através de uma multiplicidade de ministros, assim como o uso da mensagem do reino de domínio cultural para levar empresários e congregações a doarem vastas quantias de dinheiro para a construção de enormes impérios “igrejocêntricos” que incluem bancos, shoppings, empresas, hospitais, escolas e muitos outros vestígios de instituições sociais. Ou seja, os membros da congregação existem para fortalecer a liderança da igreja local para que ela exerça influência cultural (institucional), ao invés do modelo bíblico, onde ela existe para equipar os santos para o desempenho do ministério e exercer influência cultural. (Leia Efésios 4.10-12. O versículo 10 mostra que o trabalho do ministério envolve encher toda a terra para a glória de Deus. Portanto, equipar os santos possibilita que atividades de mercado sejam chamadas de ministério, e não apenas o ministério eclesiástico tradicional).

Em casos especiais, eu sou a favor da igreja local se tornar uma instituição cultural e construir shoppings, fundar bancos, escolas, etc., especialmente em comunidades de risco nas quais é difícil efetivamente fortalecer indivíduos economicamente.

No entanto, a chave para um movimento eficaz é a distribuição de trabalho. Portanto, eu creio que o ideal é uma estratégia mais descentralizada na qual a igreja local existe a fim de fortalecer indivíduos para exercerem influência cultural em suas respectivas esferas, maximizando seu potencial humano como especialistas do reino! Isto é melhor do que o líder de mercado existir meramente com o intuito de fortalecer a igreja local para se tornar um império! Este modelo (“igrejocêntrico”) de reino perpetua um dualismo no qual o crente vive uma vida totalmente secular no mercado porque seu único dever é dar o dízimo no domingo para consolidar sua igreja local a fim de cumprir a Comissão Cultural de Gênesis 1.28. Este dualismo resultará em um cristianismo nominal entre os membros porque eles não são encorajados a aprender a estudar e orar para aplicar a cosmo visão bíblica em suas esferas de influência! (Afinal, eles pensam, esse trabalho é do clero profissional!)

A menos que pastores evangélicos rejeitem o modelo Romano Católico de reino e entendam que a igreja não é o reino, mas apenas o principal agente dele que existe para equipar os santos para o trabalho do ministério, a pregação do reino nestas nações irá apenas continuar a consolidar milhares de mini-papas e mini-reinos e limitar o trabalho do reino ao clero profissional!